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Vazamentos precipitaram queda de Rogério Ceni e evidenciam ambiente tóxico no Ninho do Urubu
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Nenhum relatório deve conter erros, mas uma coisa é um departamento cometer equívocos diários e outra é um vacilo num relatório de cinco meses atrás. É primário e bizarro que a análise de bola parada do Sport trouxesse os nomes de Geromel e Kannemann, como o blog do Mauro Cezar Pereira mostrou. Mas num clube onde as pessoas confiam umas nas outras, discute-se, corrige-se e não se repetem equívocos, dos mais sérios aos banais.
Ao que parece, o erro primário não se repetiu, ou teria vazado um relatório mais recente a partida contra o Sport aconteceu em 1 de fevereiro.
Ridicularizar o departamento com um caso de cinco meses atrás só pode ter dois objetivos: 1. destruir a reputação de alguém de quem não se gosta; 2. trabalhar de maneira personalista, sem que os dados analisados interfiram em escolhas de contratações.
Ainda mais assustador é o áudio vazado, horas depois, de um funcionário do clube dizendo que Rogério é uma pessoa ruim e que fazia questão de indicar jogadores do Fortaleza, desprezando os analistas. A guerra de vazamento e contra-vazamento dá a demonstração exata de ambiente tóxico. Vingança, revanche, cenas de filmes de gângsteres com roteiro ruim.
Só há uma maneira de se trabalhar: olhando nos olhos. Gente inteligente fala verdades e resolve problemas. Quando se percebe que não há lealdade, não dá para trabalhar. Em qualquer lugar.
A pressão sobre Rogério Ceni aumentava a cada dia e era provável que sua demissão acontecesse em mais algumas rodadas. Seu isolamento, anunciado aqui em reportagem de Cahê Mota, poderia levar à queda mais cedo ou mais tarde. Mas as trocas de acusações precipitaram a queda, no meio da madrugada.
O Flamengo sempre disse apostar em profissionalismo, com integração de todos os departamentos e acompanhamento dos casos de competência/incompetência. Como em qualquer lugar, quando há erros seguidos, o profissional é desligado. Vale para o departamento médico, para a análise de desempenho, para a gerência de futebol, para o marketing, para o treinador.
O que não dá é para um departamento minar o outro.
A escolha do substituto de Rogério também não parece tão simples. Renato Gaúcho é o nome óbvio, mas, como Rogério Ceni, Renato é centralizador. Basta perceber como a engrenagem do Grêmio parou de funcionar logo depois de sua saída. Tudo estava em suas mãos.
Ge.globo.com